Minas Gerais registrou saldo positivo de 25.868 vagas formais de empregos em abril e, pelo segundo mês seguido, alcançou o segundo melhor resultado do país, ficando atrás apenas de São Paulo (76,3mil). Foi ainda o melhor abril para o Estado em relação às vagas de emprego desde 2020, quando teve início o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Os dados estão no Boletim Econômico do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) divulgado nesta quarta-feira (29/5) a partir do último levantamento do Caged.

Em abril, o desempenho do mercado de trabalho em Minas Gerais foi positivo em todos os segmentos. Em serviços, o saldo foi de 14,9 mil vagas formais, a indústria registrou 8,8 mil, e a agropecuária, 2,1 mil. Em 2024, o resultado chega a quase 114 mil postos de empregos formais criadas no Estado.

O economista-chefe do BDMG, Izak Carlos da Silva, relaciona o cenário à recuperação do dinamismo da indústria mineira. “Destaco que dentro da indústria, a construção representou 20% de todos os postos de trabalho gerados no Estado. Esse cenário está atrelado ao controle das taxas de juros, já que é uma atividade impactada pelos financiamentos, e pela sazonalidade. Em função das férias e das chuvas, o início do ano não é favorável à construção que, agora, mostra uma recomposição”, afirma.

Ele lembra, ainda, que o bom desempenho da indústria de transformação e o da agropecuária, especialmente das safras de café, também contribuem para que o Estado siga batendo recordes em relação ao mercado de trabalho.

Nacional

No Brasil, o mercado formal também teve crescimento em abril, com saldo de 240 mil postos de trabalho formais criados e saldo total no ano de 958,4 mil postos. O resultado de 2024 é puxado por serviços (599 mil), indústria (332 mil) e agropecuária (26 mil).

O boletim econômico do BDMG pode ser acessado neste link.

É com pesar que comunicamos o falecimento do ex-presidente do BDMG Hindemburgo Chateaubriand Pereira Diniz. Advogado e paraibano, foi presidente do Banco por dois períodos: entre janeiro de 1967 e setembro 1970 e novembro de 1991 e janeiro de 1995, além de presidente do Conselho de Administração em quatro oportunidades. Também esteve à frente da Fundação João Pinheiro (FJP) e ocupada a cadeira número 20 da Academia Mineira de Letras.

As marcas deixadas por suas gestões são vistas ainda hoje, tendo atuado sob uma ótica desenvolvimentista e de incentivo à economia mineira.

Em 1967, durante a sua primeira gestão, Hindemburgo participou da elaboração do Primeiro Diagnóstico da Economia Mineira, que representou um marco no planejamento e se consolidou como referência para o desenvolvimento das políticas públicas das décadas seguintes. Também durante sua administração, em 1969, foi apresentado o projeto para construção do prédio do BDMG, que seria inaugurado em 1974.

Anos depois, em 1991, ao assumir novamente a condução do BDMG, assinou programas para a atualização tecnológica da indústria mineira. As medidas culminaram, por exemplo, na criação do polo de autopeças em Betim e na chegada da Iveco, em Sete Lagoas.

Nesta mesma época, conduziu a renegociação da inadimplência no Banco e criou sete fundos estaduais vinculados a setores, atividades e municípios dos quais o BDMG passou a ser o agente financeiro, garantindo receitas a partir da cobertura do serviço prestado.

Desenvolvimento

Hindemburgo Chateaubriand tem papel histórico no país em função da sua atuação e visão em prol do desenvolvimento. Tanto que criou a Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), onde também foi presidente. Em discurso quando foi homenageado pelo Senado, em 2019, devido a criação da instituição que reúne os bancos de fomento do país, afirmou que “o Brasil seria um país muito mais atrasado se não fosse a Associação, que uniu o Sistema Nacional de Fomento de todas as regiões, contribuindo para a erradicação da pobreza”. Na ocasião, foi homenageado por autoridades de todo o país, incluindo o ex-governador e atual ministro do Tribunal de Contas da União, Antonio Anastasia.

O presidente Gabriel Viégas se solidariza com a família, os amigos e colaboradores, e destaca as contribuições do ex-presidente não só para o BDMG, mas para toda Minas Gerais. “Hindemburgo Diniz foi um presidente muito atuante em diversas frentes, valorizou o planejamento e o desenvolvimento de uma economia diversificada. Com um perfil visionário, ele deixou um legado para Minas Gerais que é marcado pela inovação e os avanços no desenvolvimento econômico do Estado durante as suas duas passagens pela presidência do BDMG”, ressaltou.

O BDMG expressa suas condolências a toda família, amigos e colaboradores.

Informações sobre o velório

Dia 29/5 (quarta-feira), de 10h às 14h, na Academia Mineira de Letras (Rua da Bahia 1.466)

Estudo “Impactos Econômicos Potenciais” produzido pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) a partir de dados da Secretaria de Estado da Fazenda e da Fundação João Pinheiro mostra que os impactos causados pelas inundações históricas no Rio Grande do Sul também refletirão na economia de Minas Gerais. A redução no faturamento das empresas mineiras que mantém negócios com aquele Estado pode ser de R$ 1,1 bilhão neste ano.

Entre os setores mineiros que mantém relação comercial com o Rio Grande do Sul, os que sofrerão maior impacto no faturamento são comércio por atacado e varejo, na produção de ferro e siderurgia e o abate de carne, pesca e laticínio. O levantamento realizado por economistas do Banco objetiva, ao verificar impactos econômicos da tragédia, avaliar possibilidades de apoio ao Sul do país e também aos empresários mineiros indiretamente atingidos.

“Em primeiro lugar é preciso dizer que as perdas humanas, ambientais e sociais são incalculáveis. Do ponto de vista do cenário econômico, considerando as medidas já anunciadas e as perspectivas futuras, os efeitos não devem ser permanentes sobre o estoque de empregos. Setorialmente, os impactos devem ser distintos. Os segmentos de comércio por atacado e varejo, dadas as suas características mais sensíveis à atividade econômica, devem ter os impactos mais significativos”, avalia o economista-chefe do BDMG, Izak Carlos da Silva.

A análise do cenário do comércio entre os dois Estados aponta ainda para queda de cerca de R$ 200 milhões na renda das famílias mineiras em função dos impactos da situação no mercado de trabalho. Além disso, há estimativa de retração no Produto Interno Bruto (PIB) mineiro em 0,1% ao final de 2024.

Balança comercial

De acordo com a balança comercial dos dois Estados, em 2022, Minas Gerais importou R$ 1,91 bilhão a mais do que exportou para os gaúchos. Entre todos os Estados do Brasil, o Rio Grande do Sul ocupa a sétima colocação no ranking de parceiros comerciais dos mineiros.

Ainda segundo o estudo, entre os produtos que Minas Gerais mais compra dos gaúchos, o maior impacto tende a ser em automóveis e tratores, que correspondem a 31,8% do volume de importados do Rio Grande do Sul. Já o setor mais afetado deverá ser o da Agricultura, que representa 9,7% de tudo que Minas Gerais compra do Rio Grande do Sul.

Na outra ponta, analisando o que Minas vende para os gaúchos, ferro fundido, ferro e aço são os produtos que podem sofrer maior reflexo, já que lideram as exportações para este Estado do Sul do país, com 16,7% do total. Em seguida, aparecem automóveis e tratores, com 12,7%.